Edson Bueno de Camargo
1
homens de areia
se dissolvem na praia
sempre ali nunca estiveram
pedras rosetas para recontar meus sonhos
de forma que os leões façam tanto sentido quanto a pedra
na cruz espelho atirada ao longe
pelo ancião que a cada dia me torno
o ácido vento que no tempo fez guarida
pintou o telhado de minha casa
com a flora de algas
tons de verde que se estendem
numa minúscula tundra
florescências e florestas minimalistas
2
este crescente que se derrama
sobre meus cabelos
e permitem a estes o branco
eqüinos se formam no substrato
de solos vermelhos
conto cavalos de areia
que irrompem
cargas de cavalaria
cavalgadas de vento sem esporas e celas
3
bailam demônios em meus ouvidos
e seus ossos brilham como ouro sob a pele
curvo-me com as vergas do teto
acendo minha pira funerária
desato de minha língua o verbo
busco em tua boca aquilo que faz meu sentido
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