domingo, 12 de novembro de 2006

diamantes

Edson Bueno de Camargo

e se eu te perder (?)
nesta neblina opaca que é o medo
e insondável céu de diamantes

que me devorarão os olhos
broca do duro metal inquebrantável
e te devolverá a pele móvel dos lábios

antes fosse mudo e inexato
me ateasse fogo
ao te ferir
e assim mesmo
firo
e te embebes de tristeza

tenho receio de escusas
se estas se multiplicam miríades de estrelas
desculpas são como mentiras
não se prescindem umas das outras
e se multiplicam ao infinito

que vivo o médico e o monstro
o louco, o devasso, o santo
tenho uma carta com um nó
colada em minha testa
e a garganta com os sons do enforcado

suas lágrimas são ácido
e comem os meus pés e minhas mãos
melhor arrancar os olhos dos cavos glóbulos
a me sentir assim sozinho

sem tu me dispo de mim mesmo
e mergulho num vazio líquido e sem fundo

e tudo que quero sempre é seu colo e seu regaço
um abraço para dormir tranqüilo e morno

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