terça-feira, 7 de novembro de 2006

analgésico

Edson Bueno de Camargo

qual analgésico
me recuso a doer
medicado
além do necessário
mendigo de solo pecado
salário de dor e do ódio

leviatãs de estrelas brancas na testa
abrigo de Jonas em fuga sorrateira
a(os) Deus(es)
nada se faz sem olhos

seda agora não branca das núpcias
lábios roxos e murchos
flores mortas e murchas
cravos de lapela
talismãs cujo sentido foi perdido

lamelares exoesqueletos fazem música
martelos não contém os ouvidos
lamentos não contém os olvidos
libélulas gigantes pré-históricas
ravinas de dentes afiados

rima indômita e nauseante
versos em indo-europeu arcaico
incompreensíveis até a língua que os fala

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