domingo, 30 de abril de 2006

ossos meus

Edson Bueno de Camargo


dependurados ossos meus
brincos grotescos de grito
salgueiros sem folhas
manto vegetal e estéril
comer inumano
inumados

imóvel cantoria de gemas preciosas
arados de ametistas
rasgam o ventre apodrecido
e fértil aos germes
sintoma de medos e calafrios

fantasmas analógicos
percorrem análogas alamedas
que vazias
consultam o vozeio de ausências

surge o novo cântico
o primeiro passo outra vez

meus ossos balançam com o vento
a corda podre ameaça romper

Nenhum comentário: