Edson Bueno de Camargo
permanecer com os meus pés na terra
até criarem raízes
permanecer em silêncio
sobre um colo feminino
até os olhos falarem
e com a linguagem dos olhos
podar todas asas
aludir o sentido da água parada
e criar o movimento onde não é mais possível
obter a aspereza de um tufo de plumas
e com ela lixar a superfície da córnea
até obter o mais branco exato
tomar por ordem a entropia
e saudar os rinocerontes que voam no inverno
com cal do meio fio
pedra por pedra
até que só reste o cinzel
beijar uma boca do caos
e entornar todas as preces vazias
fazer um rosário com a ponta dos dedos
e fiar com os pelos da púbis
uma roupa de ficar escondido
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