quinta-feira, 18 de maio de 2006

o Enforcado

Edson Bueno de Camargo

se sair o Enforcado
me recuo a lê-lo
mesmo que em certa medida
funcionar como libertação

mil vezes me caiu a morte
outras centena a coroa de fogo
que porta a Imperatriz

o futuro lento e poderoso
cheira a pó de ossos
moídos num moinho velho e carcomido
com suas pás movidas pelo tempo

conheço o velhinho insano
que alimenta o fogo
como a palha seca
e cabelo humano

que mistura o cal
em argila mole
molda peça a peça
e cozinha em fogo preguiçoso

ai de quem comer
deste pão feito de mortos
será condenado a escrever poesia

Nenhum comentário: