Edson Bueno de Camargo
cravar palavras em espelhos
faca aguda de prata
que reflete minha face
dissolver em múltiplas faces
como se estilhaçasse
a própria verdade em tantos reflexos
que devorassem a luz
com tantos crispares
(há razões que desconhecemos,
e pelas quais ainda assim lamentamos)
beber os filamentos de vidro
delicadamente misturados à água
como que com isso bebêssemos seu nome
e depois nos untássemos com terra líquida
originária de terremotos
migram narcisos em vôo ambíguo
os ventos que carregam flores
não choram nas margens do rio
transportam a casa do sol nascente
nos sonhos do menino que viaja nas cordas da guitarra
lembranças são como a brisa no quarto
carregam o pó dos ossos velhos
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