Edson Bueno de Camargo
ainda a fronteira
que se rompesse a vida
lhe traria de volta
e não olharia para trás em nenhum instante
este poema
suíte de cordas ocas
o som rouco da respiração da morte
hoje ainda é tarda a noite
cacos de louça que sobraram
das esculturas assassinadas
o menino come céu por sua linha
amarra um resto de nuvem
empresta a corda a lira
caio o pano de todos os espetáculos
ruem picadeiros
ardem em fogo as lonas
não haveriam lágrimas o suficiente
para parar a chuva
e uma vez viva
recomporia a luz das sete cores
tomaria das chamas as roupas para andar à luz do sol
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