terça-feira, 9 de janeiro de 2007

andar à luz do sol

Edson Bueno de Camargo

ainda a fronteira
que se rompesse a vida
lhe traria de volta
e não olharia para trás em nenhum instante

este poema
suíte de cordas ocas
o som rouco da respiração da morte


hoje ainda é tarda a noite
cacos de louça que sobraram
das esculturas assassinadas

o menino come céu por sua linha
amarra um resto de nuvem
empresta a corda a lira
caio o pano de todos os espetáculos
ruem picadeiros
ardem em fogo as lonas

não haveriam lágrimas o suficiente
para parar a chuva
e uma vez viva
recomporia a luz das sete cores
tomaria das chamas as roupas para andar à luz do sol

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