Edson Bueno de Camargo
não inventario novas palavras
estas me inventam
com boca de sede insaciável
e primaveras com dentes
as letras são códigos completos
cada uma
carrega um poema vítreo
olhos de peixes fossilizados
em complexidade
toda a palavra é criação
desde o princípio de tudo
até o último suspiro da matéria escura
desde a água vermelha
que me completa
até as pedras calcárias
produzidas em meus rins
Um comentário:
Às vezes acordo com as palavras grávidas de mim. Às vezes nasço. Outras, morro - ou quase. Viver é uma impossibilidade, que as palavras resgatam.
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